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4ª Aula: Os Falsos Profetas.... Mq 3,5-8
4ª Aula: Os Falsos Profetas.... Mq 3,5-8

Tema: Os Falsos Profetas Desinforma e Manipula as Pessoas

 

1- Acolhida

Que o Espírito de Deus, do direito e da fortaleza, abra o nosso coração para ouvir e praticar a Palavra. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

Na 1ª Aula, ao abrirmos o livro do profeta Miqueias, deparamo-nos com fortes denúncias e julgamentos severos contra as autoridades dos reinos do Norte e do Sul. À luz de seu sofrimento e de sua mística, percebemos que o profeta acredita que Javé, o Deus da vida, não compactua com a realidade de injustiça.

 

Na 2ª Aula, sentamos ao lado das pessoas da comunidade camponesa de Miqueias, e conhecemos seus sofrimentos e suas lutas pela sobrevivência. Por acreditar no Deus da vida e da justiça, o profeta Miqueias não teve medo de denunciar a realidade de injustiça vivenciada por seu povo. A realidade atual não é diferente; há muitas situações de abuso de autoridade, exploração e sofrimento que nos esmagam e, por vezes, nos fazem perder a esperança.

 

Na 3ª Aula, vimos que a terra era a carteira de identidade das pessoas e essencial para a sobrevivência. Não ter terra era como não ter identidade e, assim, não ter meios para viver dignamente.

 

 Na aula de hoje, veremos que na época de Miqueias havia profetas comprometidos com a manutenção do Estado e, em nome do Deus, enganavam, desinformavam e manipulavam as pessoas.  

 

Que a nossa vida e os nossos gestos possam dar continuidade à missão de Jesus profeta, promotor da vida, e nos colocar a serviço das pessoas que são injustiçadas.

 

  1. Motivando a aula de hoje

No dia 22 de janeiro de 2016, Edmilson Alves da Silva, 45 anos, um dirigente sem-terra, na cidade de Japaratinga, litoral norte de Alagoas, foi brutalmente assassinado com três tiros. Ele estava na entrada do Assentamento Irmã Daniela quando foi surpreendido por dois homens que estavam numa motocicleta. Motivo do crime: a luta pela terra.

 

Francisca das Chagas Silva, 34 anos, foi assassinada no dia 1° de fevereiro de 2016. Ela era membro do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Miranda do Norte, no Maranhão. Seu corpo foi encontrado nu, com sinais de estupro, estrangulamento e perfurações. Mais uma vítima do latifúndio.

 

O número de pessoas assassinadas por defenderem a justiça é muito grande, e quase sempre os culpados não são punidos. 2015 teve o maior número de mortes nos campos nos últimos doze anos. As mulheres negras são as maiores vítimas da violência e omissão das autoridades. Pessoas que morrem defendendo condições de vida digna para si e seu grupo. Diante desses fatos, podemos nos perguntar e seria muito bom você partilhar, na caixa de comentários, a sua resposta com os demais internautas que estão estudando essa lição: o que significa ser profeta do Deus da vida hoje? 

 

3-Situando o texto.

O surgimento de profetas de Javé em Israel está relacionado à realidade gritante de injustiça. Um dos grupos proféticos é o de Amós, que denuncia, com palavras duras, o roubo de terra, a escravidão sexual, o uso de balanças falsas e a escravidão de muitas pessoas (Am 2,6-16). Na mesma trilha de Amós, temos Oseias, que denuncia os mecanismos de opressão do povo: o Estado e a religião oficial (Os 4,1-14). E mais tarde, no Sul, Miqueias denuncia as elites civis e religiosas de Jerusalém por oprimir e esfolar a pele do povo. Existiam também os profetas oficiais que eram sustentados pela corte (Mq 3,11); eles ensinavam o povo conforme as leis do Deus oficial do Estado. Agora, leia o texto de Mq 3,5-8, e responda:

 

1- Quais são as acusações de Miqueias contra os outros profetas?

 

2- De acordo com Miqueias, qual é a posição de Deus diante da realidade de injustiça?

 

3- Qual espiritualidade sustenta a ação profética de Miqueias?

 

3.1 - Aspectos do profetismo em Israel e Judá no século VIII a. C.

Amasias disse a Amós: “Vidente, vá embora daqui. Retire-se para a terra de Judá. Vá ganhar sua vida fazendo lá suas profecias. Não me venha mais fazer profecias em Betei, pois isto aqui é o santuário do rei, e é templo do reino Amós respondeu a Amasias: “Eu não sou profeta nem discípulo do profeta. Eu sou criador de gado e cultivador de sicômoros” (Am 7,12-14).

 

Embora originário do reino do Sul (Técua), Amós anuncia e denuncia no Norte, no tempo do reinado de Jeroboão II (783-743). É o tempo de expansão e prosperidade com o comércio internacional, exportação de produtos agrícolas (azeite, trigo, vinho etc.) para o Egito, a Assíria e a Arábia. Porém, a prosperidade beneficia somente os ricos e os governantes, que roubam e exploram os camponeses. Assim, Amós afirma: "Eles odeiam aqueles que se defendem na porta e têm horror de quem fala a verdade. Porque esmagam o fraco, cobrando dele o imposto do trigo. Pois eu sei como são numerosos seus crimes e graves seus pecados: exploram o justo, aceitam subornos e enganam os necessitados junto à porta” (Am 5,10.12).

 

Diante da denúncia de Amós, atingindo até o santuário do rei, em Betei (Am 7,10), o sacerdote oficial deste, Amasias, acusa Amós de ameaçar e subverter a ordem estabelecida no Estado. Manda que Amós se afaste do país. A resposta de Amós: “Eu não sou profeta nem discípulo do profeta. Eu sou criador de gado e cultivador de sicômoros”.

 

Será que Amós não é um profeta? Quem é o profeta? Qual é a sua função? Ontem como hoje, há vários tipos de profetas e profetisas. Um grupo de profetas na Bíblia pode ser classificado como “profeta oficial” a serviço do poder. A Bíblia registra, no reino do Norte, a presença dos profetas na corte, servindo ao rei. No reinado de Acab, por exemplo, há os profetas de Baal, acompanhando e servindo a rainha Jezabel, filha do rei dos sidônios e mulher de Acab. Em lRs 18,20-22, lemos: “Acab convocou todos os filhos de Israel e reuniu os profetas no monte Carmelo [...]. Elias continuou: 'Fiquei sozinho como profeta de Javé, enquanto os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta’”. Mais ainda, o mesmo livro testemunha: “O rei de Israel (Acab) reuniu os profetas, cerca de quatrocentos homens, e lhes perguntou: ‘Será que eu devo ir a Ramot de Galaad para fazer essa guerra, ou vou desistir?” (lRs 22,6). O rei consulta os profetas que vivem na corte.

 

Desde o final do reinado de Jeroboão II até a queda da Samaria (743-722 a.C.), Oseias exerceu sua atividade no reino do Norte e se defrontou, também, com os sacerdotes e profetas da corte: “Ainda que ninguém acuse, que ninguém conteste, eu levanto acusação contra você, sacerdote! Você tropeça de dia, o profeta tropeça com você de noite, e você faz perecer sua própria mãe” (Os 4,4-5). Oseias acusa o sacerdote e o profeta de não instruir o povo segundo a “lei de Deus” (Os 4,6-10). A serviço do Estado, os profetas estão desviando o povo.

 

 

Os textos bíblicos sobre os profetas da corte se multiplicam. Segundo esses textos, podemos enumerar várias funções e características dos profetas a serviço do Estado:

a) Vive sustentado pela e subordinado à corte: “come das mãos do rei”;

 

b) Instrui o povo conforme as leis do Deus oficial do Estado

 

c) Interpreta a vontade do Deus do rei diante da situação de emergência. No caso de guerra, por exemplo, o profeta justifica e declara a guerra santa, quase sempre legitimando os interesses dos poderosos.

 

Nessas funções do profeta da corte, podemos entender a declaração de Amós: “Eu não sou profeta nem discípulo de profeta”. Amós declara que não pertence ao grupo profético da corte. Não vive na corte nem está subordinado às autoridades; ao contrário, vive no meio popular e defende os direitos do povo. É o “profeta popular”, que se forma no meio do povo e denuncia a injustiça social, que empobrece, explora e massacra seus irmãos camponeses. Por isso, ele entra em confronto com as autoridades e os profetas oficiais. Esse conflito também está presente na história do reino do Sul, Judá, como no caso da vida de Miqueias.

 

 

Diante da espoliação e desapropriação injustas da herança (terra e casa), Miqueias “profetiza”, denuncia e acusa as autoridades de “cobiçar, roubar, tomar e oprimir” os pobres do campo (2,1-3). Como era de esperar, os profetas da corte reagem e “profetizam”, defendendo suas autoridades:

 

Eles profetizam: “Não profetizem, não profetizem essas coisas! A desgraça não cairá sobre nós. Porventura a casa de Jacó foi amaldiçoada? Acabou a paciência de Javé? É isso que ele costuma fazer? Por acaso a promessa dele não é de bênção para quem vive com retidão? (2,6-7).

 

Os profetas da corte insistem que a conduta de suas autoridades é justa, conforme as leis de Deus. Ou seja, os profetas assumem sua função: justificar e defender as ações das autoridades.

 

Miqueias denuncia os profetas da corte: "Se aparecesse um homem contando estas mentiras: ‘Eu lhes profetizo vinho e bebida forte’, este sim seria um profeta para este povo!” (2,11). Miqueias acusa os profetas oficiais de profetizar com “vinho e bebida forte”, ou seja, na alienação e luxo (Am 4,1). A denúncia contra os profetas da corte ganha mais força e profundidade em Mq 3,5-8.

 

3.2 - Comentando o texto: Mq 3,5-8 — O sol se esconderá sobre esses profetas...

No século VIII a.C., o processo de espoliação e desapropriação da terra estava em pleno andamento. A maioria das terras de Judá já pertencia aos grandes proprietários, que viviam em Jerusalém. O povo sofria a violência e a exploração da elite agrária e dos governantes. Cobiçar, oprimir, roubar e tomar a terra e a casa dos camponeses fazia parte do dia a dia, sobretudo na planície fértil de Shefelá, a terra de Miqueias (2,1-2). "Vocês são gente que devora a carne do meu povo e arranca suas peles; quebra seus ossos e os faz em pedaços, como um cozido no caldeirão”, denunciou Miqueias (3,3).

 

No processo de espoliação, os grandes proprietários de terras contavam com o apoio de um grupo de profetas acusados de serem aproveitadores: “anunciam a paz quando têm algo para mastigar” (3,5b), ou seja, eles proclamam oráculos em troca de pagamentos ou em vista de seus ganhos pessoais. "Filho do homem, profetize contra os profetas de Israel. Profetize, e diga aos que profetizam conforme seus próprios interesses. Vocês me profanam diante do meu povo, por um punhado de cevada ou um pedaço de pão, destinando à morte quem não devia morrer, e destinando à vida quem não devia viver. Desse modo, vocês enganam meu povo, que dá ouvidos à mentira” (Ez 13,2.19), assim descreve, mais tarde, o profeta Ezequiel sobre a atuação dos profetas oficiais, funcionários da corte.

 

Eles anunciam o que as pessoas poderosas querem ouvir. Esses mesmos profetas “declaram guerra contra os que nada lhes põem na boca” (3,5c). Quem são eles? São profetas, adivinhos e videntes cuja função é dar sustentação para o projeto dos poderosos de Jerusalém (3,7a). Miqueias afirma que os profetas da corte “extraviam meu povo” (3,5a), provavelmente agricultores endividados e oprimidos, chamados de “meu povo”, que perdem sua terra, família e casa (2,8-9; 3,3).

 

O verbo “extraviar”, ta'ah em hebraico, significa “levar à ruina”. Os falsos profetas, com suas palavras, enganam, seduzem e extraviam o povo à desgraça e à perdição: camponeses sem-terra, família e casa. As mesmas acusações contra a atuação enganosa dos profetas encontramos no livro de Isaías, profeta desse mesmo período: “Povo meu, seus dirigentes o desnorteiam, invertem a direção do seu caminho” (Is 3,12b). Em outra passagem ouvimos: “O ancião e o dignitário são a cabeça; e o profeta, mestre de mentiras, é a cauda. Os que dirigem esse povo o extraviam, e os que se deixam guiar ficam aniquilados” (Is 9,14-15). “Os falsos profetas atuam na corte, extraviando o povo em favor dos poderosos e legitimando o projeto dos governantes do Estado” (2,6-11). “Pois eles se apoiam em Javé oficial, do templo de Jerusalém, e se vangloriam de verdadeiras palavras de Deus” (3,11).

 

Estando de acordo com seus próprios interesses, os poderosos enchem as mãos de seus profetas, no entanto a profecia deles cairá no vazio: “terão noite em lugar de visões; escuridão em vez de oráculo. O sol se esconderá sobre esses profetas, a luz do dia se apagará sobre eles” (3,6). Interessante observar que são quatro metáforas — “noite”, “escuridão”, “sol escondido” e “luz apaga da” — para afirmar que os profetas ficarão sem receber revelação alguma, ou seja, eles não poderão exercer sua atividade. Eles serão humilhados: “os videntes ficarão envergonhados, os adivinhos ficarão confusos. Todos cobrirão a barba, porque Deus não responderá’’ (3,7). Cobrir a barba significa luto (Lv 13,45; Ez 24,17).

 

O Deus da Vida não responde à profecia dos profetas da corte. Em contraste, Miqueias apresenta suas referências: “Eu, porém, estou repleto de força, do Espírito de Javé, do direito e da fortaleza, para denunciar a Jacó o seu crime e a Israel o seu pecado” (3,8). Ele se considera um enviado pelo Espírito de Deus para defender o “meu povo”, que está sendo vítima de várias formas de opressão. E a força do Espírito de Javé que conduz a missão do verdadeiro profeta a restabelecer o “direito” aos pobres e oprimidos. Que o espírito profético nos impulsione em nossa caminhada e que possamos estar com os empobrecidos na busca de um mundo justo e fraterno.

 

3.3 - Aprofundando: Profetas do centro e da periferia

As grandes religiões do mundo antigo atestam que algumas pessoas serviam de intermediários entre o ser humano e a divindade. No Antigo Oriente Próximo, nos países vizinhos a Israel, há vários documentos que provam a existência de videntes e profetas servindo a seus reis. As cartas de Mári, do Eufrates, por exemplo, contêm referências a vários tipos de intermediários proféticos.

 

A própria Bíblia testemunha o fenômeno profético com diversos termos: adivinhos, videntes, homens de Deus e profetas. O último é o substantivo nabi’ em hebraico, derivado do verbo naba’, que significa “profetizar, predizer, delirar, entrar em transe”, por causa da função intermediária de interpretar, anunciar e receber a palavra e a bênção de Deus. O livro de Números, por exemplo, relata a história de Balaão, adivinho das margens do Eufrates, a quem o rei Balac, de Moab, recorre para obter maldições de Deus contra Israel, na guerra (Nm 22,2-24,25). O rei Acab também consulta os quatrocentos profetas da corte na ocasião da guerra contra a Síria pela disputa territorial de Ramot de Galaad, na Transjordânia (1Rs 22,1-12). O grupo de profetas vive e come na mesa do rei.

 

Em termos de profetas que vivem em grupo, aparecem já na história da unção de Saul: “Daí partiram para Gabaá, e um grupo de profetas foi ao encontro de Saul. O espírito de Deus desceu sobre ele, que entrou em transe profético no meio deles” (1Sm 10,10). Os grupos de profetas seguem aparecendo na época de Elias (lRs 18,4) e de Eliseu: “Os filhos de profetas que havia em Jericó se aproximaram de Eliseu e disseram: ‘Você sabe que Javé vai levar hoje o seu mestre por cima de sua cabeça?'” (2Rs 2,5). Os profetas em Israel persistem, como grupos ou indivíduos, até um pouco depois do tempo do exílio.

 

Há muitas pesquisas sobre o fenômeno profético. Nos últimos anos, com base nos estudos da história e da sociedade, é possível indicar as três áreas em que podemos analisar e entender os profetas:

 

1- O grupo de apoio. Os profetas adquirem conhecimento para expressar suas mensagens, em palavras e ações, conforme a expectativa de seu grupo social de apoio. Eles se formam na “escola”, mantida pelo grupo que espera de seus intermediários determinado comportamento profético de agir e falar. Samuel e Aías, por exemplo, se formaram no santuário de Silo, “escola” mantida pelos camponeses do Norte, do Israel tribal (1Sm 1-3; 14,3).

 

2- Localização social da profecia. O profeta e seu grupo de apoio se situam em determinada localização social: no centro ou na periferia da sociedade.É importante estudar a sociedade na qual cada profeta atua e a sua localização social. Amós, que não é profeta da corte, se localiza na periferia da sociedade (Am 7,15), no reinado do rei Jeroboão II, com seus sacerdotes e profetas do centro.

 

 3) Função social da profecia. O profeta do centro expressa suas mensagens para manter a ordem social estabelecida; ao contrário, o profeta da periferia interessa-se pela mudança da ordem social. A Bíblia testemunha que Natã, profeta do centro da casa de Davi e de Salomão, pronuncia seus oráculos para manter a posição social de seus reis (lRs 1-3). Por outro lado, o profeta Aías, com o grupo tribal dos camponeses do Norte, simbolizado por “tendas”, proclama a mudança na ordem social, contra a casa de Davi, Judá, a cidade Jerusalém: “O que é que nós temos a ver com Davi? Não temos herança com o filho de Jessé. Para as suas tendas, Israel! Agora, que Davi cuide de sua casa!” (lRs 12,16).

 

Com base nessas três áreas de análise do fenômeno profético, podemos descrever Miqueias como profeta periférico, que atua entre 725-701, nos reinados de Acaz e Ezequias. Ele se forma na “escola”, apoiada e mantida pelos camponeses da região da Sefelá. O próprio Miqueias chama, carinhosamente, seu “grupo de apoio” de “Meu povo”, e defende a vida do seu grupo contra a elite governante: “Vocês são gente que devora a carne do meu povo e arranca suas peles; quebra seus ossos e os faz em pedaços, como um cozido no caldeirão (3,3). Como profeta periférico, Miqueias pronuncia os gemidos e gritos dos camponeses para produzir mudança da ordem social” (3,9-10.12; cf. Jr 26,18). Miqueias é um dos profetas “escritores” de Judá, que fala e age a partir das necessidades e expectativas de seu grupo de apoio. A Bíblia testemunha, na história do reino de Judá, as atuações de outros profetas escritores, seus grupos de sustentação e suas funções sociais. É importante lembrar que os livros proféticos passaram por diversas releituras e receberam acréscimos:

 

a) Primeiro Isaías (Is 1-39): ele é profeta do Templo e conselheiro de três reis, Joatão, Acaz e Ezequias (740-700 a.C.). Formado na escola de Jerusalém — a monarquia da casa de Davi —, suas palavras e ações estão orientadas pela teologia davídica: Javé, Deus absoluto e transcendente; a escolha divina de Jerusalém-Sião; a eleição divina da dinastia davídica; o rei filho de Deus e defensor dos pobres. Com essa convicção, Isaías condena a aliança com as grandes potências (Assíria e Egito), propaga o rei justo (Is 9,1-6) e critica seus “colegas elitizados” de Jerusalém por oprimirem os pobres (Is 10,1-4). Como profeta do centro, ele defende a monarquia de Jerusalém como instrumento do Senhor Javé para construir um reino do direito e da justiça (Is 1,21-26).

 

 b) Sofonias: sua atuação acontece na menoridade do rei Josias (640-620 a.C.). Como profeta da periferia, suas críticas estão dirigidas à cidade de Jerusalém e seus governantes: “Ai da rebelde, da manchada, da cidade opressora! Cidade que não escutou o chamado, que não aprendeu a lição. Ela não confiou em Javé, nem se aproximou do seu Deus. Seus oficiais são leões que rugcm; seus juizes são lobos à tarde, que não comeram nada desde o amanhecer; seus profetas são uns fanfarrões, mestres de traição; seus saceidotesprofanam as coisas santas e violentam a lei de Deus" (Sf 3,1-4). Em seus oráculos, Sofonias emprega palavras duras contra os profetas do centro que se interessam pela manutenção da ordem social estabelecida da monarquia.

 

c) Jeremias: originário de Anatot, um dos centros da tradição tribal dos camponeses (lRs 2,26), exerceu sua atividade profética entre os anos 627 e 582 a.C., acompanhando os cinco reis de Judá (Josias, Joacaz, Joaquim, Joaquin e Sedecias) e o governo de Godolias. Toda a documentação, escrita pelo grupo do profeta, indica que Jeremias estava ao lado dos camponeses e agiu como profeta periférico com respeito à monarquia. Ele entrou em conflitos com os governantes, foi torturado e condenado à morte (Jr 26,7-24; 37,15-16). Enfrentou Hananias, profeta do centro, que declarou guerra santa contra a Babilônia (Jr 28). Uma guerra desastrosa para a vida dos camponeses. Após a destruição de Jerusalém (587 a.C.), Jeremias permaneceu, em Masfa, no meio do seu grupo de apoio: “os pobres da terra”, camponeses explorados e empobrecidos (Jr 40). Masfa, antigo santuário de Israel, carrega a memória da sociedade tribal (cf. Jz 20,1; ISm 7,5; 10,17).

 

d) Ezequiel: formado na escola de Jerusalém, exerce sua atividade no meio dos primeiros exilados, familiares do rei Joaquin e altos oficiais, entre os anos 597 e 571 a.C. Com a necessidade e expectativa do seu grupo de apoio, o profeta Ezequiel anuncia a presença de Javé no meio dos exilados com o rei Joaquin: Javé abandona o Templo e Jerusalém, e exila-se na Babilônia. Com Javé, o profeta condena a atuação da corte do rei Sedecias como “mau pastor’’ (Jr 34) e acusa os pobres remanescentes na Judeia de tomarem as terras deixadas pela elite (Ez 33,23-29). Para a reconstrução de Judá, Ezequiel profetiza a restauração da monarquia com o novo Davi, um só santuário e a nova Jerusalém (Ez 37,15-28).

 

e) Segundo Isaías (Is 40-55): um grupo profético de levitas que atua no meio dos pobres despojados e escravizados na segunda deportação (587 a.C.). São descendentes de levitas, pregadores itinerantes e sacerdotes do interior, sustentados pelos camponeses, que foram trazidos à força para Jerusalém para trabalhar, como sacerdote de segunda categoria, no templo (cf. 2Rs 23,8-9). Com base em sua formação e nas expectativas dos pobres exilados na Babilônia, o segundo Isaías anuncia: 1) novo êxodo, a libertação dos escravos (Is 43,16-19); 2) Deus pastor com ternura e compaixão com seu povo (Is 40,11; 49,15-16); 3) servo sofredor, liderança baseada no amor, na gratuidade, na não violência, na justiça e, sobretudo, no maior carinho com os sofridos (Is 42,1-9); 4) Nova Aliança: a aliança entre Deus e toda a comunidade, com o projeto de partilha e solidariedade (Is 55,1-3); 5) Nova Jerusalém com justiça (Is 45,8).

 

A Bíblia registra outros profetas, como Elias, Eliseu, Amós, Oseias e tantos outros profetas e profetisas, na história de Israel. E a profecia chega ao tempo de Jesus de Nazaré. E um homem judeu, criado no interior da Galileia, experimentando, na própria pele, a dureza da vida do seu povo, que sofria com a exploração, opressão e violência do poder civil e religioso: os impostos e a presença do exército romano, a extorsão c ladroagem dos líderes religiosos de Jerusalém (Lc 3,10-14). 15 mie, miséria e doenças eram males constantes, o que fez Jesus, homem justo e sensível à realidade, “profetizar” contra as autoridades da época. É o profeta da periferia da Galileia, desafiando a ordem social estabelecida: “Felizes vocês, os pobres, porque de vocês é o Reino de Deus. Felizes vocês, que agora têm fome, porque serão saciados” (Lc 6,20-21). Ele foi perseguido, torturado e assassinado. Ontem e hoje, o seguimento de Jesus Profeta é um desabo: “Se alguém quiser seguir após mim, negue-se a si mesmo, carregue sua cruz e me siga” (Mc 8,34).

 

  1. - Iluminando a vida

Certa vez, ouvi um líder de uma comunidade afirmar: “a profecia nasce quando misturamos a nossa realidade com a palavra de Deus”.

 

Pelo batismo somos chamados a ser profetas. Jesus viveu como profeta, nós e nossa comunidade somos chamados/as a seguir o mesmo caminho.

 

a) Como exercemos a nossa missão de profetas e profetisas?

 

b) Quem são os profetas e as profetisas oficiais de hoje, que enganam e exploram o povo?

 

c) Quais são os meios que os poderosos de hoje usam para se manter no poder?

 

d) Em nossa sociedade e em nossa comunidade, quais são as pessoas conduzidas pelo Espírito de Deus?

 

 

  1. Gesto concreto

Ficar atento para perceber a realidade de injustiça que existe em nossa casa, comunidade e sociedade, e ser capaz de denunciar.

 

 

6- Preparar a próxima aula

Para a próxima aula, ler Mq 6,1-8

 

 

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