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3 - Jeremias, um jovem Pastor de ovelhas
3 - Jeremias, um jovem Pastor de ovelhas

"O anjo então lhes disse: 'Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!'" (Lc 2,10-11).

O nascimento de Jesus, porém, não passou despercebido. Naquela noite, o anjo do Senhor apareceu a nós, pobres pastores, que estávamos por perto tomando conta dos rebanhos.

A noite estava muito fria, e o gelo endurecia a terra. Na colina de Belém, as luzes estavam apagadas, mas nas montanhas ardiam nossas fogueiras, que foram acesas para nos aquecer e defender as ovelhas dos lobos. Amontoados nos cercados, os animais escondiam os focinhos por entre a lã de seus corpos. Eu, que estava de guarda naquela noite, sentia inveja deles, porque podiam se defender tão bem do frio. Para nos proteger da baixa temperatura, mantínhamo-nos ao redor do fogo, que nos aquecia parcialmente.

Perto da meia-noite, o fogo começou a crepitar, como se alguém lhe tivesse atirado um punhado de sal ou uma braçada de ramos secos. No cercado, as ovelhas ficaram agitadas, levantando os focinhos, como se farejassem algo.

- Estão pressentindo a aproximação de algum lobo - disse bem baixinho.

Então tateei à procura de meu bastão e me levantei. Meus companheiros fizeram o mesmo e, como eu, buscavam alguma coisa no meio do campo. Enquanto isso, os cães estavam irrequie­tos e uivavam. "Eles também estão com medo", pensei.

De modo estranho, não fazia mais frio. Em vez de bater de medo, meu coração parecia saltitar de alegria. Embora fosse inver­no, sentíamo-nos bem-dispostos, como se estivéssemos em plena primavera. A noite tornou-se dia, graças à luz que a iluminava. Tínhamos a impressão de que o ar havia se transformado em poeira luminosa. Subitamente, no meio daquele cenário, delineou-se uma figura tão linda que ficamos boquiabertos. Então, um anjo apareceu, e uma luz gloriosa brilhou sobre nós. Naquele momento, ficamos com muito medo. Mas ouvimos uma voz que disse:

- Não tenham medo! Estou aqui para trazer-lhes uma boa no­tícia, que será motivo de grande alegria também para todo o povo. Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, o Messias, o Senhor! Este será o sinal: vocês vão encontrar um recém-nascido enrolado em panos e deitado em uma manjedoura.

É impossível resumir com palavras a alegria que sentimos na­quele momento por termos sido os primeiros a receber a "Boa­Notícia". Nós, pobres e marginalizados pastores, nos tornamos outros anjos, pois não deixamos passar despercebido este grande acontecimento para a humanidade, a partir do qual se iniciava a era da salvação: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor" (cf. Lc 2,11).

Antes que o anjo terminasse de falar, apareceram outros mensageiros celestes luminosos. Vindos de todos os pontos do céu, eles cantavam:

- Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! (cf. Lc 2,14).

A seguir, a noite tornou a cair sobre nós. Como as fogueiras haviam se apagado, ficamos imersos na escuridão. Reinava o mais completo silêncio. Então decidimos ir até a encosta da colina, onde existiam grutas que serviam de abrigo aos viajantes. Não dava para deixar a Boa-Notícia para depois; por isso, era preciso correr. Em pouco tempo, encontramos o "sinal" indicado: um me­nino deitado em uma manjedoura.

Para nós, esse encontro não somente confirmou as palavras do anjo, mas demonstrou que nossas expectativas haviam se realizado: o Messias esperado pelo povo humilde e simples tinha se feito carne e era presença na vida da terra.

Na gruta, encontramos uma pequena família. O pai estava sen­tado, pensativo. Próximo à manjedoura, vimos a mãe, uma jovem extremamente linda, ajoelhada em adoração do recém-nascido. Seu rosto transmitia um misto de paz e felicidade, força e doçura. Quando os vimos, ficamos como que paralisados por alguns momentos.

Ao ver-nos parados à porta da gruta, a mãe disse: - Sejam bem-vindos, meus filhos!

É impossível descrever meu estado de espírito naquele mo­mento, mas sei que estava me sentindo no céu. Após pedir licença, sentei-me bem pertinho deles, e nós lhes contamos as palavras dos anjos.

Daquele encontro, nasceu o encanto: ficamos admirados, tan­to quanto os pais do menino. Maravilhados retornamos, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tínhamos ouvido e visto. Desse modo, tornamo-nos os anjos mensageiros da Boa-Nova. Posteriormente, todos os que nos ouviam ficavam admirados com nossos relatos.

Era o fascínio exercido por aquela criança, cujo sono tranqüilo nos falou de paz e o futuro em aberto nos transmitiu esperança. O menino que encontramos seria chamado de Príncipe da Paz, porque veio restabelecer a paz entre a humanidade e entre nós e Deus, os irmãos e as criaturas.