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6.6 - Quinto Encontro - Rm 8,18-27
6.6 - Quinto Encontro - Rm 8,18-27

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1- Oração Inicial: Iniciemos nossa jornada com o coração aberto, reconhecendo a presença viva da Santíssima Trindade entre nós. Que sua luz nos ilumine e sua graça nos fortaleça enquanto mergulhamos neste estudo da Carta aos Romanos.

 

Senhor Deus de amor e misericórdia, obrigado por mais este encontro, no qual vamos procurar entender um pouco mais a vossa Palavra, que nos vem por meio do apóstolo Paulo. Agradecemos vossa presença entre nós, vosso Espírito que continua se derramando em nossos corações e nos ajudando em nossas fraquezas. Ajudai-nos, senhor, a ser novas criaturas, para que possamos dar ao mundo o testemunho de vossa bondade. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém.

 

2- Motivando o encontro de hoje:  No encontro anterior, refletimos sobre o respeito às autoridades constituídas por Deus. No encontro dessa semana, refletiremos sobre a realidade que vivemos e em comunhão com a Campanha da Fraternidade deste ano: Fraternidade e ecologia queremos renovar a nossa missão de cuidar da casa comum, pois a humanidade e a criação seguem lamentando suas dores, expressando anseios por redenção. A insegurança cresce, o medo se espalha, a violência se intensifica e a ganância corrói corações. Em meio a esse cenário, somos chamados a rezar a esperança—não como um ideal distante, mas como a certeza viva da presença de Deus, que conduz nossa história e fortalece nossos passos rumo a uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Que o Espírito Santo, com seu sopro vivificante, reacenda em nós a chama da Esperança e nos inspire a ser instrumentos de transformação.

 

3- Situando o texto de Rm 8,18-27 que iremos estudar essa semana. O mito da criação, segundo a tradição judaico-cristã (Gn 2,7-9.15), destaca a conexão profunda entre o ser humano e a terra, evidenciando sua responsabilidade de preservá-la. Como guardião do Jardim do Éden, obra divina e símbolo da vida, o ser humano deve cultivar e proteger a natureza, mantendo a harmonia entre a criação e o Criador.

 

O ser humano (adam, em hebraico), modelado a partir da terra (adamah), tem a responsabilidade de cultivá-la e protegê-la, preservando o jardim (paraíso) de Deus. Existe, assim, uma conaturalidade ou íntima relação entre a criação (natureza), o ser humano e Deus. Ambos participam da harmonia, paz, vida e glória divinas. No entanto, se o ser humano usa o conhecimento para acumular, dominar e explorar seus irmãos e a criação, provoca desordem, injustiça, violência e destruição, trazendo sofrimento e morte para todos. A harmonia entre ser humano, criação e Deus é rompida, e surgem as negatividades da vida (Gn 3,1-24).

 

O mito da criação em Gn 2,4b-3,24 nasce da experiência sofrida das comunidades camponesas, que enfrentavam exploração, violência, opressão e morte causadas por governantes que abusavam do conhecimento em favor do poder e da riqueza. A história de Israel testemunha os diversos males praticados por esses governantes, que atingiram tanto o povo quanto a criação.

 

O profeta Oseias denuncia os crimes dos governantes de Israel do Norte nos anos 740-720 a.C. Durante esse período, a Assíria reapareceu como uma grande potência e impôs sua política de dominação sobre os países conquistados. Em Israel, formaram-se facções políticas disputando o poder, resultando em intrigas na corte e guerras internas (Os 7,3-7). Em duas décadas, seis reis ocuparam o trono, dos quais quatro foram assassinados (2Rs 15,8-31; 17,1-4). Essa instabilidade política refletia nos crimes cotidianos: "O ladrão invade a casa, enquanto uma quadrilha assalta do lado de fora" (Os 7,1). Os crimes atentavam contra a dignidade do ser humano e ameaçavam todas as formas de vida (Os 4,1-3).

 

A violação do conhecimento de Deus causa sofrimento tanto à terra quanto aos seus habitantes. Os governantes — sacerdotes, profetas e reis — promovem corrupção e perversão em todo o país, ignorando a fraternidade e a justiça divina. Como resultado, a terra e suas criaturas gemem em desespero, esperando pela intervenção do Deus da justiça.

 

No ano 587 a.C., a segunda revolta de Judá, liderada pelo rei Sedecias, provocou uma violenta reação dos babilônios. O exército de Nabucodonosor saqueou aldeias e cidades, devastando a terra rumo à capital, Jerusalém, que foi destruída. A população pobre foi deportada, e os exilados caíram em desespero. Jeremias, testemunha desse sofrimento, lamenta a destruição causada pela infidelidade dos governantes à Lei de Deus (Jr 9,9.11-12). A lamentação de Jeremias reflete a consequência da injustiça: a perda de vidas humanas e a destruição da natureza, causadas pelos governantes que desconsideraram a Lei do Criador, a lei da vida.

 

Na era romana, no tempo de Nero (54-68 d.C.), ditador sanguinário, a busca por poder e riqueza se intensificou, e escuta-se o gemido de fome, dor, sofrimento e desespero de milhares de pessoas afetadas pelo exploração e pela violência do Império. Também há gemido da criação , sujeita à maldade dos humanos (8,20) e destruída pela guerra e pelo progresso da civilização romana (1,29; Cf. Ap 6,1-8; Os 4,1-3). Diante disso, a comunidade cristã se questiona: Se Jesus é o salvador por que precisamos sofrer? Por que a libertação, o mundo novo, não se concretiza para nós? 

 

Em Rm 8,18-27, Paulo descreve os gemidos da criação e dos seguidores de Cristo, que anseiam pela libertação e pela plenitude da vida fundamentada na justiça divina. A passagem ressoa com o clamor dos mártires descritos em Ap 6,9-10: "Quando o Cordeiro abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as vidas daquelas pessoas que tinham sido imoladas por causa da Palavra de Deus e do testemunho que tinham dado. Elas bradaram em alta voz: 'Senhor santo e verdadeiro, até quando ficarás sem julgar? Não vais vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?"'

 

Esses gemidos representam não apenas a dor da opressão, mas também a esperança na realização da justiça divina e na construção de um mundo novo, guiado pela palavra e pela prática de Jesus Cristo. A criação e os fiéis aguardam com expectativa o cumprimento da promessa de redenção, onde o sofrimento dará lugar à glória eterna.

 

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4- Leitura do texto - Rm 8,18-27  

 

5- Comentando o textoPaulo apresenta uma crítica contundente à sociedade escravagista do Império Romano, caracterizada pelo espírito de helenização e por instintos egoístas, que incentivavam a busca desenfreada por bens materiais, poder, prazer e prestígio. Ele afirma: "Encheram-se de todo tipo de injustiça, maldade, cobiça e malícia, repletos de inveja, assassínios, brigas, fraudes e perversidades" (Rm 1,29). Sob o governo de Nero (54-68 d.C.), um tirano notório por sua crueldade, os gemidos de fome, sofrimento e desespero ressoavam entre os milhares de explorados e violentados pelo Império. Simultaneamente, a própria criação—submetida ao impacto das guerras e ao avanço da civilização romana—lamentava sua destruição (Ap 6,1-8).

 

No cotidiano, é impossível ignorar o lamento dos pobres e a dor dos escravizados, injustamente crucificados. A realidade do Império se opunha radicalmente ao Reino de Deus, concebido pelas comunidades cristãs como um espaço de glória e salvação, no qual a presença de numerosos escravizados simbolizava a esperança de libertação. Paulo expressa essa visão ao declarar: "Penso, pois, que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que deverá revelar-se em nós" (Rm 8,18). Embora a salvação divina alcance sua plenitude apenas no fim dos tempos (1Cor 15), já se manifesta na vida presente por meio da conversão e da vivência na justiça e na vida segundo o Espírito de Cristo (Rm 8,5-13).

 

Por conseguinte, a brutalidade do mundo intensifica o sofrimento e os clamores daqueles que, guiados pela fé em Cristo crucificado e ressuscitado, anseiam pela liberdade e pela renovação prometida pelo Reino de Deus (Rm 8,14-17). Diante das adversidades, emergem inquietações profundas: Se Cristo é o Salvador, por que ainda padecemos? Por que a libertação e o novo mundo não se concretizam? Paulo descreve essa tensão recorrendo à metáfora do parto—o sofrimento da criação e dos discípulos de Cristo assemelha-se aos gemidos que precedem o nascimento de uma nova realidade (Rm 8,23). Esses gemidos refletem não apenas a expectativa pelo porvir, mas também uma esperança ativa, sustentada pelo Espírito, que orienta a humanidade no processo de libertação.

 

Inicialmente, Paulo aborda o gemido da criação, que sofre em decorrência da injustiça e da violência perpetradas pelos homens: "A criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Na verdade, ficou sujeita ao fracasso, não por vontade própria, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também ela seja libertada da escravidão da corrupção e participe da liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre até agora com dores de parto" (Rm 8,19-22).

 

A tradição bíblica ressalta que a criação está sob o domínio humano e sofre as consequências do pecado, da injustiça e da violência (Gn 1-3). O profeta Jeremias, ao testemunhar a devastação da terra provocada pela guerra, lamenta: "Meu povo é tolo. Não me conhecem, são filhos insensatos que não percebem as coisas. São peritos em fazer o mal, mas não sabem praticar o bem. Olhei para a terra: estava sem forma e vazia. Olhei para o céu, e não havia luz. Olhei as montanhas: elas tremiam, e todas as colinas se abalavam. Olhei: não havia mais ninguém, e todas as aves do céu haviam fugido" (Jr 4,22-25; cf. Os 4,1-3).

 

Subjugada pela exploração e pela degradação impulsionadas pela ambição humana, a criação aguarda sua libertação, almejando a participação na redenção junto aos filhos de Deus, guiados pelo Espírito de Cristo e comprometidos com a justiça e o bem comum. Essa expectativa dá origem ao gemido de um mundo que anseia pelo seu renascimento no Reino de Deus: "Como a mulher grávida na hora de dar à luz, contorcendo-se e gemendo nas dores do parto, assim nos encontrávamos, ó Javé, em tua presença" (Is 26,17).

 

Posteriormente, Paulo discorre sobre o gemido dos discípulos de Cristo, que, tal como a criação, participam da obra redentora divina e colaboram no nascimento do mundo novo: "E não somente ela [criação], mas também nós que temos os primeiros frutos do Espírito. Gememos interiormente, esperando ansiosos a redenção do nosso corpo. Pois na esperança já fomos salvos. Uma esperança que se vê não é mais esperança. Quem espera pelo que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é na perseverança que ansiosamente o aguardamos" (Rm 8,23-25).

 

Os cristãos, filhos de Deus, receberam os primeiros frutos do Espírito e, pela fé na cruz e na ressurreição de Cristo, devem conduzir suas vidas com base na justiça e no amor. Eles aspiram à libertação das opressões que os subjugam e à plena incorporação à liberdade prometida aos filhos de Deus, conforme a glória do Cristo ressuscitado (Rm 8,21).

 

A esperança ocupa papel central na reflexão de Paulo. Ele enfatiza sua relevância enquanto resposta humana à promessa divina. Contudo, essa esperança deve ser ativa e perseverante na edificação do Reino de Deus: "Lembramos a obra da fé, o esforço do amor e a constância da esperança que vocês têm no Senhor nosso Jesus Cristo, diante de Deus nosso Pai" (1Ts 1,3).

 

Por fim, Paulo examina o gemido do Espírito, força que opera e conduz o processo de libertação: "O Espírito vem em socorro de nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir. É o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos que não se expressam em palavras. Aquele que sonda os corações sabe qual é o desejo do Espírito, pois é de acordo com Deus que o Espírito intercede em favor dos santos" (Rm 8,26-27).

 

O Espírito de Cristo, que venceu a morte por meio do amor ao próximo, liberta seus discípulos da corrupção e os conduz à vivência plena segundo os desígnios divinos: "O desejo da carne leva para a morte, enquanto o desejo do Espírito leva para a vida e a paz. O desejo da carne é inimigo de Deus, pois não se submete à sua lei" (Rm 8,6-7).

 

Assim, o gemido da criação, o gemido dos cristãos e o gemido do Espírito integram o doloroso processo de gestação do mundo novo, onde a injustiça, a maldade, a cobiça e a violência não mais prevalecerão. O propósito divino é instaurar uma nova humanidade, dedicada ao serviço da criação, segundo a palavra e a vida do primogênito Jesus Cristo: "Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito. Pois aqueles que Deus antecipadamente conheceu, ele também predestinou a terem a mesma imagem do seu Filho, de modo que o Filho seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8,28-29). Dessa forma, se confirma a certeza da esperança cristã na concretização do mundo novo, da salvação e da glória divina, onde os gemidos cessarão para dar lugar à plenitude.

 

6 - Aprofundar o tema do encontro de hoje: Clique aqui:  Carta aos Romanos 5º Parte

 

7 - ILUMINAR A VIDA:   Observamos ao nosso redor inúmeros sinais de destruição da Casa Comum, desrespeito e desvalorização da vida. No entanto, também testemunhamos o incansável empenho de muitas pessoas, dentro e fora de nossas comunidades, que dedicam esforços para promover a justiça e garantir melhores condições de vida para todos.

 

a) De que maneira percebemos a presença do Espírito de Deus nos fortalecendo em meio às nossas dores e desafios cotidianos?

 

b) Quais impactos a avalanche de informações e desinformações tem sobre o ser humano, sobretudo no que se refere ao cuidado com a Casa Comum e à preservação ecológica?

 

c) Quais são os sinais que indicam o nascimento de um mundo novo?"

 

08 - Compartilhar o aprendizado: Em um mundo onde cada vez mais nos conectamos virtualmente, a verdadeira magia acontece quando compartilhamos momentos, ideias e desafios em grupo. A partilha fortalece laços, desperta empatia e nos ensina a enxergar diferentes perspectivas. Quando nos unimos, criamos um ambiente de confiança e colaboração, onde cada voz tem valor e cada experiência contribui para o crescimento coletivo.

 

Partilhar é mais do que dividir algo material, é abrir espaço para o aprendizado mútuo, para o apoio nos momentos difíceis e para as conquistas celebradas em conjunto. É dar e receber, sabendo que juntos somos mais fortes.

 

Então, que tal dar o primeiro passo? Incentive a troca, ouça com atenção, compartilhe seus pensamentos e esteja aberto a aprender com os outros. Afinal, as melhores histórias são escritas a muitas mãos!