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6.2 - Primeiro Encontro - Introdução
6.2 - Primeiro Encontro - Introdução

Curso Bíblico Interativo via WhatsApp:  Entendendo a Carta aos Romanos  

1º  Encontro: O evangelho de Jesus Cristo morto e ressuscitado (Rm 1,8-7)


 

 

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1- Oração Inicial: Iniciemos nossa jornada com o coração aberto, reconhecendo a presença viva da Santíssima Trindade entre nós. Que sua luz nos ilumine e sua graça nos fortaleça enquanto mergulhamos neste estudo da Carta aos Romanos.

 

Senhor Deus Todo-Poderoso, agradecemos por este momento de aprendizado e reflexão em Tua Palavra. Que o Espírito Santo nos conduza, iluminando nosso entendimento para que possamos absorver as verdades contidas nesta Carta sagrada. Que cada versículo nos revele mais sobre Tua graça, Tua justiça e Teu amor incondicional. Abre nossos corações e mentes, Senhor, para que possamos viver esses ensinamentos em nosso cotidiano, crescendo na fé e no conhecimento de Cristo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

2- Motivando o encontro de hoje:  A Carta aos Romanos, escrita por Paulo pouco tempo depois das Cartas aos Coríntios, teve um impacto profundo na vida de figuras influentes como Agostinho de Hipona, Martinho Lutero e João Calvino. O efeito dessa epístola foi tão significativo que contribuiu para grandes transformações no mundo cristão e na história da igreja.

 

O contexto em que essa carta foi escrita é crucial e deve ser considerado ao analisarmos seu conteúdo. Na época, Paulo ainda não conhecia pessoalmente a igreja de Roma. Diferente de suas outras cartas, que tinham como objetivo principal a manutenção das comunidades cristãs, Romanos foi escrita para preparar o caminho para sua chegada. Essa intenção pode ser claramente percebida nessa primeira lição.

 

Considerada uma das cartas mais teológicas e impactantes de Paulo, Romanos continua a inspirar gerações ao revelar a profundidade da misericórdia divina e o chamado à transformação da vida cristã. Que sua mensagem nos motive a uma fé viva e autêntica!

 

3- Situando o texto dentro do contexto. Enquanto se preparava para visitar a comunidade cristã de Roma, Paulo lhes enviou uma carta (Rm) na qual expôs, com profundidade, o evangelho de Jesus Cristo e sua vivência como judeu seguidor de Jesus de Nazaré. Ele havia sido informado de que os cristãos de Roma enfrentavam dificuldades em compreender o evangelho que ele pregava ("meu evangelho"; 2,16; 16,25). Na comunidade, alguns eram influenciados pelo evangelho do imperador romano, impregnado pelo espírito da helenização—uma busca desenfreada por bens, poder, prazer e honra. Outros, por sua vez, seguiam o evangelho do judaísmo oficial, que enfatizava a obtenção da salvação por meio da observância rigorosa da lei da pureza. Em Romanos 1,8-17, Paulo expressa seu desejo de visitar Roma e proclama com firmeza o evangelho de Jesus Cristo crucificado. 

 

4- Leitura do texto: Romanos 1,8-17

 

a) O que mais nos chamou atenção na passagem?

 

b) "Porque eu não me envergonho do evangelho de Jesus Cristo." Qual o significado dessa afirmação para Paulo em sua vivência prática?

 

c) Paulo enfatiza que a fé deve ser ativa e se manifestar em obras (1Ts 1,3). Com essa perspectiva, o que significa sua declaração: "O justo viverá pela fé"?

 

 

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5- As circunstâncias que motivaram Paulo a escrever aos Romanos (Rm 1,1-15).  Paulo escreveu a Carta à Comunidade de Roma enquanto estava em Corinto (1), entre os anos 55 e 57 EC (EC significa "Era Comum" e DC significa "Depois de Cristo". A Era Comum é uma alternativa secular para a nomenclatura tradicional "Antes de Cristo" (AC) e "Depois de Cristo" (DC), usada para evitar referências religiosas explícitas).

 

Na época, ele se preparava para viajar a Jerusalém (2), levando uma coleta que havia incentivado entre as igrejas da Ásia, Macedônia e Acaia em benefício da comunidade-mãe de Jerusalém (cf. Rm 15,22-29). Apesar de nunca ter estado em Roma (3), Paulo conhecia diversas pessoas da cidade (cf. Rm 16,1-16). Acredita-se que, ao escrever essa carta, Paulo buscava preparar o terreno para uma futura visita, delineando uma possível escala em sua tão almejada jornada à Espanha (4) (cf. Rm 15,23-24). Naquele período, a Espanha era considerada os "confins do mundo". Assim, ao seguir seu mandato de pregar a Palavra "até os confins da terra" (cf. At 1,8), Paulo buscava ser fiel à sua missão. 

 

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A extensão da carta e a diversidade dos temas doutrinários abordados sugerem que Paulo antecipava possíveis desafios nas igrejas de Roma. Naquele tempo, suas posições doutrinárias expressas na Carta aos Gálatas já eram conhecidas pelas demais comunidades, pois havia intenso diálogo entre as igrejas, e as notícias se espalhavam rapidamente (cf. At 21,21; Rm 15,31). Além disso, circulavam diversos rumores sobre sua atuação e sua postura contrária aos costumes judaicos. De fato, Paulo se opunha firmemente à observância da Lei de Moisés (cf. Gl 2,4). A reação dos cristãos judaizantes foi intensa, e muitos o retratavam como um renegado do judaísmo e das "tradições dos antigos", afirmando que ele pregava o abandono dos ensinamentos da Lei de Deus.

 

Diante dessas graves acusações, é possível que Paulo tenha desejado registrar por escrito seu pensamento teológico sobre a ação gratuita de Deus e a observância da Lei como caminho de salvação. Essa intenção pode ser percebida na parte central da carta (Rm 1,16–8,39), um trecho que não faz referência direta a Roma ou a qualquer outra comunidade. Trata-se, na verdade, de um texto independente, cujo destinatário poderia ser qualquer grupo cristão. É provável que, já planejando sua passagem por Roma, Paulo tenha reunido diversos escritos em uma única carta e os enviado às comunidades romanas por meio de Febe, diaconisa da Igreja de Cencreia (Rm 16,1).

 

A comunidade cristã em Roma não foi fundada pela equipe missionária de Paulo, o que significa que ele não contava com amigos próximos ou conhecidos que pudessem apoiá-lo. A igreja romana era bem mais antiga e, provavelmente, surgiu no seio da grande comunidade judaica da cidade. Por volta do ano 49, o imperador Cláudio decretou a expulsão dos judeus de Roma, forçando o casal judeu-cristão Priscila e Áquila a fugir e buscar refúgio em Corinto (cf. At 18,2-3). A comunidade cristã romana era majoritariamente composta por judeus-cristãos, com poucos convertidos oriundos do paganismo, o que tornava o ambiente pouco receptivo a Paulo.

 

Talvez devido aos conflitos gerados pelos ensinamentos contidos na Carta aos Gálatas, especialmente entre os cristãos de origem judaica, Paulo tenha revisado suas ideias, explicando-as com mais profundidade e de maneira mais sistemática. Em alguns trechos, ele suaviza a linguagem mais incisiva que empregou na Carta aos Gálatas, reformulando-a de forma mais moderada na Carta à Comunidade de Roma. Assim, o núcleo doutrinário de Romanos (Rm 1,16–8,39) corresponde ao mesmo conteúdo da Carta aos Gálatas, porém revisado, expandido e refinado. Basta comparar Gl 3,19-22 com Rm 3,20; 7,7-13, ou Gl 5,12-21 com Rm 8,5-13 para perceber essa diferença. O pensamento permanece o mesmo, mas a exposição em Romanos é mais clara e equilibrada, sem repetir as expressões duras presentes em Gálatas (cf. Gl 5,12).

 

A Carta à Comunidade de Roma, contudo, vai além de uma simples reinterpretação de Gálatas (Rm 1–8). Nela, Paulo acrescenta uma profunda reflexão sobre o destino dos judeus diante do mistério de Cristo (Rm 9–11). Além disso, ele apresenta uma série de exortações pastorais direcionadas aos membros da igreja em Roma, evidenciando seu conhecimento das dificuldades enfrentadas por aquelas comunidades (Rm 12–16).

 

6- Comentando o texto: Após sua missão no Oriente—Ásia Menor, Macedônia e Grécia—Paulo deseja expandir a pregação do evangelho de Jesus Cristo crucificado para o Ocidente. Seu objetivo é alcançar a Espanha, considerada os confins extremos do mundo ocidental. Nessa jornada, ele também anseia passar pela comunidade de Roma e conhecê-la pessoalmente: 'E como há muitos anos desejo visitá-los, espero vê-los por ocasião de minha passagem, quando eu for para a Espanha' (Rm 15,23-24; cf. 15,28-32).

 

Na metade do primeiro século d.C., Roma, com mais de um milhão de habitantes, era uma capital sem precedentes, marcada por construções esplêndidas—palácios majestosos, templos imponentes e colunatas grandiosas. Pessoas de todas as origens—funcionários públicos, comerciantes e pregadores de diversos cultos—afluíam à cidade por meio da extensa rede de estradas e rotas do Império. Roma se consolidava como um grande centro de atração e irradiação cultural, política e econômica.

 

É provável que a notícia sobre a comunidade de Roma tenha se espalhado entre os seguidores e seguidoras de Jesus Cristo no Oriente. Além disso, o casal judeu-cristão Priscila e Áquila—expulsos de Roma por decreto do imperador Cláudio—possivelmente informou Paulo sobre a comunidade e a situação da cidade (At 18,1-4). Diante disso, Paulo saúda os cristãos de Roma com palavras de reconhecimento: 'Primeiramente, dou graças ao meu Deus por meio de Jesus Cristo, por causa de todos vocês, porque a fé que vocês têm é proclamada em todo o mundo' (Rm 1,8). Ao que tudo indica, a comunidade de Roma já desfrutava de uma reputação universal.

 

A aparente ênfase exagerada de Paulo ao reconhecer a comunidade de Roma pode servir para conquistar sua empatia, já que ele ainda não a visitou pessoalmente. No entanto, é essencial compreender que, para Paulo, Roma—o centro do mundo—representa um ponto estratégico na difusão do evangelho de Jesus Cristo: 'Pois Deus, a quem presto culto em meu espírito, anunciando o evangelho de seu Filho, é testemunha de como eu me lembro de vocês' (Rm 1,9). Trata-se de uma missão universal: anunciar ao Ocidente a mensagem de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, com o apoio da comunidade romana. A evangelização encontra, assim, um poderoso ponto de irradiação.

 

Logo no início da carta, após elogiar a comunidade (Rm 1,8), ele se apresenta de forma clara, reafirmando sua identidade e missão. Além disso, manifesta seu desejo de visitá-los para fortalecê-los com algum dom espiritual. Seu anseio era tornar-se um com eles, compartilhando sua vivência de fé.

 

Na saudação da Carta aos Romanos, Paulo se apresenta e destaca a missão universal da evangelização: 'Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, escolhido para o evangelho de Deus' (Rm 1,1). Ele se vê como 'servo' de Cristo Jesus, que foi morto pelo Império e ressuscitado contra o Império (Is 42,1-9; 52,13-53,12). Sua missão, como 'apóstolo'—termo de origem judaica que significa 'enviado'—foi concedida pelo próprio Jesus, que o escolheu para proclamar a boa-nova de Deus. Essa mensagem, prometida aos pobres e sofredores no passado (Is 61,1-2), se concretizou na vida e morte de Jesus Cristo, que entregou sua existência por amor ao próximo (Rm 5,12-21; Gl 6,11-18).

 

Para levar adiante a missão universal do evangelho de Jesus Cristo, Paulo deseja visitar e fortalecer a comunidade de Roma com os dons do Espírito (carismas; cf. 1Cor 12-14). Ele expressa esse anseio em suas orações: 'E em minhas orações sempre peço que, de algum modo, segundo a vontade de Deus, eu tenha a oportunidade de ir até aí junto de vocês. Eu realmente desejo muito vê-los, para lhes comunicar algum dom espiritual que possa fortalecê-los, isto é, para que eu seja encorajado, junto com vocês, pela fé que é comum a vocês e a mim' (Rm 1,10-12). Paulo vê Roma como um centro estratégico de apoio à missão universal, unindo a comunidade na mesma fé no evangelho de Jesus Cristo. Da capital do Império, a mensagem de Cristo se espalharia para toda parte.

 

Um aspecto fundamental do termo 'fé' merece destaque: 'Lembramos a obra da fé, o esforço do amor e a constância da esperança que vocês têm no Senhor nosso Jesus Cristo, diante de Deus nosso Pai' (1Ts 1,3). A fé em Jesus Cristo deve ser dinâmica e transformadora! Para perseverar na caminhada cristã, é essencial que essa fé se manifeste em ações concretas de amor ao próximo, gerando uma esperança resiliente na realização do projeto de Jesus crucificado e ressuscitado: um reino de justiça, igualdade e fraternidade, pautado, sobretudo, pelo amor solidário às pessoas crucificadas de ontem e de hoje (Rm 8,18-23).

 

Por isso, Paulo exorta a comunidade de Roma a transformar a fé em um ato concreto de amor ao próximo: 'Não quero que fiquem sem saber, irmãos, que muitas vezes planejei ir visitá-los, a fim de colher algum fruto entre vocês também, tal como entre as outras nações; mas até agora fui impedido' (Rm 1,13). Talvez ele quisesse incentivar os cristãos de Roma a expressar sua fé por meio da generosidade, como na iniciativa de coleta realizada em favor dos santos de Jerusalém que viviam na pobreza: 'A Macedônia e a Acaia decidiram generosamente fazer uma coleta em favor dos santos de Jerusalém que estão na pobreza. Portanto, quando eu tiver concluído essa tarefa e tiver entregue oficialmente o fruto da coleta, irei à Espanha passando por vocês' (Rm 15,26.28).

 

O engajamento da comunidade de Roma no mutirão da solidariedade para com a comunidade de Jerusalém faz parte do projeto missionário de Paulo, um judeu seguidor de Jesus Cristo que se tornou um fervoroso evangelizador dos gentios. Seu objetivo é garantir a unidade entre os cristãos gentios de Roma e os judeu-cristãos de Jerusalém, fortalecendo os laços entre essas comunidades. No cerne de sua pregação, Paulo anuncia a universalidade do evangelho de Jesus, um judeu que foi morto pelo Império e ressuscitado contra o Império, trazendo salvação para toda a humanidade.

 

Em nome do evangelho do amor de Jesus Cristo crucificado, a salvação—a graça de Deus—não está restrita apenas aos judeus, mas se estende a todas as pessoas, sem distinção sociocultural: 'Sou devedor a gregos e bárbaros, a sábios e ignorantes. Daí o meu desejo de levar o evangelho também a vocês que estão em Roma' (Rm 1,14-15). Ao mencionar sua missão entre os gentios (Rm 1,5), Paulo identifica os que seguem a cultura greco-romana como 'gregos', enquanto os demais gentios são chamados de 'bárbaros'. Sua missão, no entanto, transcende essas classificações, sendo destinada a toda a humanidade. Para concluir a introdução (Rm 1,1-17), Paulo apresenta o tema central da carta, um verdadeiro resumo de sua pregação: 'Porque eu não me envergonho do evangelho, pois ele é força de Deus para a salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar o judeu, e depois o grego' (Rm 1,16).

 

De fato, no evangelho, a justiça de Deus se revela por meio da fé e para a fé, como está escrito: 'O justo viverá pela fé' (Rm 1,16-17). O projeto divino—sua presença salvadora, justiça, graça e força—manifestou-se na vida de Jesus e continua a se concretizar entre aqueles que, com fidelidade e justiça, vivem uma fé ativa. Essa fé se expressa na prática da palavra e no compromisso com o amor e a justiça de Cristo, no evangelho daquele que foi crucificado e ressuscitou para dar vida eterna a todos.

 

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7- Conhecendo a comunidade cristã de Romanos. No século I, a população de Roma é calculada em um milhão de habitantes, em sua maioria escravos, que vive subjugado e explorado pelo poderio do Império. É uma sociedade escravagista, marcada pelo espírito de helenização e justificada pelo evangelho do Imperador (religião). A carta aos romanos registra a presença de várias pessoas de origem não-livre, escravos ou libertos, nas diversas comunidades cristãs localizadas na periferia da capital (Rm 16,1-16).

 

Não sabemos quem fundou a comunidade cristã de Roma, provavelmente nasceu com a chegada de judeus cristãos provenientes da Palestina e da Síria, na década de 40 d.C. A presença dos cristãos, que pregavam “Cresto” como o messias esperado, tinha dado lugar a severas discussões e a tumultos nas comunidades judaicas, com cerca de 20.000 judeus espalhados em mais de dez sinagogas na cidade de Roma. Por isso, o imperador Cláudio decretou o edito contra as sinagogas e os indivíduos responsáveis pelos distúrbios (de um lado, judeus e, de outro, judeus cristãos), que chegaram a ser expulsos de Roma. Paulo deve ter recebido informações desta comunidade por meio do casal judeu-cristão Priscila e Áquila, vítima desta expulsão (At 18,1-4; cf. Rm 16,3-5).

 

A proibição da autoridade romana de reunirem-se nas sinagogas levou os judeu-cristãos e os gentio-cristãos (chamado de “gregos”: Rm 1,16; 2,9-10; 3,9; 10,12) a procurar as casas de seus membros como novo espaço de reunião – a igreja doméstica (Rm 16,4-5.10-11). Mais tarde, sob Nero revogou o edito contra os judeus e, pouco a pouco, os judeus cristãos retornaram a Roma, encontrando as comunidades cristãs com a presença predominante de gentio-cristãos, que se julgavam livres da observância de práticas judaicas (as leis de pureza alimentar etc.). Daí a convivência do grupo conservador (“fracos”), composto por judeu-cristão e gentio temente a Deus pró-judeus, com o grupo progressista cristão não-judeu (“fortes”), provoca problemas e conflitos internos (Rm 14,1-15,13).

 

Além do conflito interno, no tempo de Nero a comunidade cristã sofre com a sociedade injusta e desigual, movida por instintos egoístas, que promovem a maldade, a perversidade e a idolatria (Rm 1,24-32), provocando o sofrimento, a morte de muitos e a destruição da natureza, a obra (glória) do Deus criador (Rm 8,18).

 

Diante dos problemas internos e externos da comunidade cristã, Paulo escreve a carta aos Romanos para dialogar e orientar a comunidade sobre a fé no caminho do justo segundo o evangelho de Jesus Cristo (Rm 1,17).

 

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8- Conhecendo as mensagens teológico-pastorais da carta. A carta aos Romanos contém muito dos temas teológico-pastorais tratados nas constantes discussões com o judaísmo do seu tempo. Eis aqui as principais mensagens expostas pela carta. Na introdução geral (Rm 1,1-17), Paulo anuncia o tema central da carta: “o evangelho de Jesus Cristo é força de Deus para a salvação” (Rm 1,16).


a) Todos estão sob a ira (julgamento) de Deus (Rm 1,18-3,20): Paulo descreve a realidade da condição dos estrangeiros (“gregos”) e dos judeus (Rm 3,9). A ira de Deus se manifesta contrário a impiedade contra Deus e a injustiça aos seres humanos, praticadas pelos gregos sob o Império (Rm 1,18-32). Ele também se opõe a atitude hipócrita dos judeus por não praticarem a Lei e sua aplicação injusta (Rm 2,1-29).

 

b) A justiça divina (salvação) pela fé como o exemplo de Abraão (Rm 3,21-4,25): Pela fé na “redenção realizada por Jesus Cristo”, a graça de Deus, o seu amor gratuito em ação na história (Rm 3,24-26), os judeus e os gregos se entregam ao projeto divino (não ao pecado, a autossuficiência e a injustiça), praticando a justiça e a piedade a Deus, e passam da ira de Deus à sua justiça salvadora (Rm 3,22).

 

c) A graça da justificação em Jesus Cristo. A justificação é o tornar-se justo e salvo, restabelecer a amizade e a paz com Deus: Rm 5,1-7,25. A salvação de Deus se realiza pela fé na sua graça manifestada em Jesus Cristo morto e ressuscitado (“novo Adão”), e não pelo poderio do Império nem pelas obras da Lei do judaísmo legalista.

 

d) A vida no Espírito (Rm 8,1-39): Rm 8 se situa no centro da carta. Contrastando com a vida na carne, a pessoa cristã deve viver no Espírito de Jesus Cristo (a “lei do Espírito da vida”: o amor, o caminho da vida: Rm 8,1; cf. 5,5), que lutou pela vida, morreu por amor ao próximo e foi ressuscitado para a vida, passando dos instintos egoístas para a gratuidade da salvação de Deus.


e) O universalismo do plano salvífico diante da salvação restrita a Israel – o povo judeu (Rm 9,1-11,36): Não há distinção entre judeus e gregos na salvação gratuita (a graça) de Deus por Jesus Cristo. A salvação não é questão de cultura e lei judaica, mas sim da fé no caminho de Jesus Cristo morto e ressuscitado (evangelho: Rm 10,16; 11,28: Is 52,7).


f) O amor dentro e fora da comunidade (Rm 12,1-13,14): a pessoa cristã, que reconhece a vida (corpo) como graça de Deus, o seu amor gratuito em ação, descobre a gratuidade para com os outros; forma a comunidade como um só corpo em Cristo; reparte os dons concedidos por Deus a serviço do bem comum; pratica o amor ao próximo.

 

g) A convivência e a fraternidade na comunidade cristã (Rm 14,1-15,13): os “fortes” e os “fracos” convivem no amor de Jesus Cristo, acolhendo as diferenças e construindo o Reino de Deus: “Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, e sim justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quem serve a Cristo nessas coisas, agrada a Deus e tem a estima das pessoas” (Rm 14,17-18).

 

h) Carta aos Romanos: esta carta, Paulo reúne seus principais ensinamentos já apresentados em outros escritos. O argumento principal desta carta é a gratuidade da salvação de Deus por meio da fé em Jesus Cristo.

 

9- Semelhanças entre a Carta aos Gálatas e Romanos: As epístolas aos Gálatas e aos Romanos, ambas escritas pelo apóstolo Paulo, apresentam notáveis semelhanças em sua mensagem e propósito. Embora destinadas a públicos distintos, ambas abordam temas fundamentais da fé cristã, como a justificação pela fé, a liberdade em Cristo e a relação entre a Lei e a graça.

 

Uma das principais convergências entre essas cartas é a defesa da justificação pela fé, sem a necessidade das obras da Lei. Em Gálatas, Paulo enfatiza que a salvação vem unicamente pela fé em Cristo, contestando a imposição da circuncisão e de outras práticas judaicas aos gentios. Da mesma forma, em Romanos, ele expõe detalhadamente a doutrina da justificação, explicando que tanto judeus quanto gentios são justificados pela fé, e não por mérito próprio.

 

Além disso, em ambas as epístolas, Paulo destaca a liberdade que os crentes possuem em Cristo. Em Gálatas, ele argumenta contra a escravidão da Lei mosaica, enfatizando que a verdadeira liberdade vem do Espírito. Já em Romanos, ele aborda essa liberdade no contexto da vida cristã, mostrando que aqueles que estão em Cristo não vivem mais sob a condenação da Lei, mas são guiados pelo Espírito de Deus.

 

Outro ponto de convergência é a relação entre a Lei e a graça. Em Gálatas, Paulo afirma que a Lei teve um papel transitório, servindo como um tutor até a chegada de Cristo. Em Romanos, ele desenvolve esse pensamento ao explicar que a Lei revelou o pecado, mas que a graça de Deus, manifestada em Cristo, é o único meio de salvação.

 

Portanto, embora apresentem abordagens distintas e sejam direcionadas a públicos diferentes, a Carta aos Gálatas e Romanos compartilham uma mesma essência teológica, reafirmando o papel central da fé, da graça e da liberdade em Cristo na vida dos crentes.

 

 

10 - Celebrando a Vida.  Elevemos uma ação de graças pela fé que nos sustenta como comunidade, reconhecendo todo o empenho pessoal e coletivo dedicado a aliviar as dores e os sofrimentos de nossa cidade. Que o Deus da vida nos conceda a graça de aprofundar nossa vivência do evangelho e reacender nosso fervor na caminhada cristã. Que Deus Pai nos abençoe e nos dê a capacidade de vivenciarmos de modo coerente o evangelho de Jesus Cristo crucificado em nosso dia a dia. 

 

11- Partilha no grupo: Agora é a sua vez! Compartilhe com o grupo suas descobertas, reflexões e dúvidas, enriquecendo o diálogo e fortalecendo nossa caminhada juntos.

 

12- Para aprofundar o assunto estudado nessa primeira assista aula: 

 

1- Carta aos Romanos: 1º Parte

 

2- Carta aos Gálatas: Carta aos Gálatas -Playlist • 5 vídeos

 

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1- Quando alguém visita a sua comunidade, o que você gosta de saber a respeito da pessoa?

 

2- quais os motivos que levaram Paulo a querer visitar a comunidade de Roma?

 

3- Na leitura de Rm 1,1-15, de qual parte do texto você mais gostou?

 

4- E se o apóstolo Paulo visitasse a sua comunidade, que perguntas você faria a ele? Partilhe essas perguntas no grupo.