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6.5 - Quarto Encontro: Rm 13,1-7
6.5 - Quarto Encontro: Rm 13,1-7

 Curso Bíblico Interativo via WhatsApp:  Entendendo a Carta aos Romanos  

4º  Encontro: A autoridade a serviço do Deus da vida


 

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1- Oração Inicial: Iniciemos nossa jornada com o coração aberto, reconhecendo a presença viva da Santíssima Trindade entre nós. Que sua luz nos ilumine e sua graça nos fortaleça enquanto mergulhamos neste estudo da Carta aos Romanos.

 

Senhor Deus Todo-Poderoso, agradecemos por este momento de aprendizado e reflexão em Tua Palavra. Que o Espírito Santo nos conduza, iluminando nosso entendimento para que possamos absorver as verdades contidas nesta Carta sagrada. Que cada versículo nos revele mais sobre Tua graça, Tua justiça e Teu amor incondicional. Abre nossos corações e mentes, Senhor, para que possamos viver esses ensinamentos em nosso cotidiano, crescendo na fé e no conhecimento de Cristo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

2- Motivando o encontro de hoje:  No encontro desta semana, iremos refletir sobre a origem e a responsabilidade do poder, analisando também a postura de Paulo e dos cristãos da época diante de autoridades injustas e violentas. Além disso, veremos que a autoridade, quando constituída por Deus, deve ser exercida com justiça e equidade, sempre orientada pelo compromisso com o bem comum.

 

Paulo, ao tecer advertências às autoridades romanas do tempo de Nero, que ultrapassavam todo limite de violência e exploração, também descreve o dever do cidadão sob a autoridade estabelecida por Deus.  No entanto, essa perspectiva traz, de forma implícita, uma crítica àqueles que, investidos de poder, o utilizam de maneira tirânica e cruel, afastando-se dos princípios da dignidade humana e da verdadeira justiça. Mais do que uma análise sobre o poder institucional, esse trecho nos convida a revisar a maneira como empregamos nossa própria autoridade—seja em espaços de liderança ou nas relações do dia a dia. Somos chamados a exercer nossa influência com integridade, buscando sempre servir à vida e promover a paz, como reflexo do amor de Deus em nossas ações.

 

3- Situando o texto antes da leitura de Rm 13, 1-7:  O livro da Sabedoria, escrito em grego no final do primeiro século a.C., na colônia judaica de Alexandria, descreve a situação crítica dos imigrantes judeus sem cidadania plena, submetidos à exploração e injustiça do Império Romano. 

 

Entre os temas centrais do livro, de Sabedoria encontram-se a destruição dos seres vivos, a aliança dos ímpios com a morte e a injustiça contra os inocentes (Sb 1,13.16; 2,18-20). Nas entrelinhas, emergem conflitos, perseguições e violências impostas aos justos por aqueles que desprezam a sabedoria divina. O livro apresenta uma súplica pela sabedoria de Deus como caminho para a justiça, liberdade e vida, em meio à dominação opressora do Império Romano.

 

No ano 30 a.C., Alexandria, com cerca de 600 mil habitantes, passou a ser administrada por Roma, agravando a situação de aproximadamente 150 mil judeus da diáspora alexandrina. A mudança sociopolítica imposta pelos governantes romanos gerou impactos profundos:

 

a) Mercenários judeus perderam espaço à medida que as legiões romanas assumiram a manutenção da ordem.

 

b) Judeus, antes empregados como coletores de impostos, foram excluídos da função, substituídos pelos cicládicos gregos.

 

c) O governo romano impôs o imposto pessoal, chamado laografia, a toda a população sem cidadania plena, empobrecendo especialmente os judeus rurais e de baixa renda.

 

Diante dessa crise, a comunidade judaica se dividiu: alguns judeus alexandrinos buscaram integração à cultura helenista para obter cidadania plena, mesmo à custa da fé ancestral, enquanto a maioria manteve sua identidade e foi perseguida. A pobreza, hostilidade e discriminação tornaram-se marcantes na vida dos judeus, vítimas de opressão dos governantes romanos e seus colaboradores.

 

Nesse contexto de injustiça, o livro da Sabedoria faz uma advertência aos líderes: "Escutem, reis, e compreendam! Aprendam, juízes de toda a terra! Prestem atenção, vocês que governam multidões e se orgulham do grande número de súditos! O governo que vocês exercem lhes foi dado pelo Senhor, e o domínio provém do Altíssimo. Ele examinará suas obras e sondará suas intenções. Pois, embora sejam do reino d'Ele, vocês não julgaram corretamente, não observaram a Lei e não agiram conforme Sua vontade. Ele virá sobre vocês de modo repentino e terrível, porque contra os poderosos há um julgamento implacável" (Sb 6,1-5).

 

Segundo a mentalidade bíblica, todo poder vem de Deus, confiado à autoridade para governar com justiça (Sb 9,3). Na tradição judaica do Deus dos pobres (Ex 3,7-10; Is 66,1-2), os governantes devem priorizar os pequenos e os oprimidos, salvando-os da exploração e opressão. Aqueles que governam sem justiça serão julgados com rigor. Essa esperança ressoa entre os judeus imigrantes, os "filhos de Deus", que clamam por libertação (Sb 2,18). Mais tarde a mesma mensagem sobre a autoridade a serviço da justiça reaparece na Carta aos Romanos (13,1-7). Paulo, testemunha ocular da injustiça e escravidão sob domínio romano, criticou indiretamente os poderosos (1 Cor 4,10b-13).

 

Paulo viveu entre os escravos, que representavam até dois terços da população das cidades romanas. Sua crítica velada atingia aqueles que se julgavam reis, ricos e poderosos, mas exploravam os pobres. O alvo de sua advertência incluía as autoridades do imperador Nero (54-68 d.C.), cujo reinado foi marcado por exploração, violência e decadência: "A criação inteira geme e sofre até agora com dores de parto" (Rm 8,22).

 

Nero, cruel e sanguinário, ordenou a execução de sua própria mãe e esposas, inaugurando espetáculos de execuções públicas, incluindo o uso de feras para devorar condenados. Paulo, que mais tarde foi executado pelo Império, deixou advertências aos governantes, condenando a opressão sem confrontar diretamente a autoridade. Em Romanos 13,1-7, ele destaca o dever do cidadão diante do poder instituído por Deus, ao mesmo tempo em que reforça que a verdadeira autoridade deve servir ao bem comum, uma crítica indireta ao governo de Nero.

 

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4- Leitura do texto: Peça ao Espírito Santo que abra seu coração e o de todos que estão participando deste estudo, para que possamos acolher a Palavra de Deus e permitir que ela frutifique em nossas vidas, trazendo crescimento espiritual e renovação.  Após ler o texto de Rm 13,1-7, responder:

 

a) Quais as consequências de não se submeter às autoridades do Império no tempo de Nero?

b) Qual a intenção de Paulo ao insistir que toda autoridade constituída vem de Deus e deve ser obedecida?

c) Como entendemos a afirmação "O poder vem de Deus a serviço do em comum"? 

 

5- Comentando o texto Rm 13,1-7.  Mais de um terço da população da cidade de Roma era constituída de pessoas escravizadas. No mundo greco-romano, não era possível imaginar uma sociedade (cidades e campos) sem escravidão. Tampouco se podia pensar em mudar a sociedade escravagista justificada e sustentada pelas autoridades e pelos poderosos do império romano. As estruturas sociais, bem como a ideologia que as justificava, estavam fortemente consolidadas com a riqueza e o poder do imperador Nero e de todos os seus aliados, no tempo de Paulo.

 

No contexto do Império Romano, marcado pela escravidão e pela consolidação do poder de Nero, a sociedade era profundamente hierárquica e injusta. A escravidão sustentava a estrutura social, e qualquer tentativa de mudança parecia impossível. Paulo, consciente dessa realidade, denunciava a opressão e a injustiça dos governantes: "Do alto do céu se manifesta a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça daqueles que sufocam a verdade" (Rm 1,18).

 

Romanos 13,1-7 apresenta um princípio sobre o papel da autoridade: o poder deve estar a serviço do bem comum. O texto não legitima o governo de Nero, mas descreve o ideal de justiça, exigindo dos governantes a promoção da equidade e dos direitos dos cidadãos. Em um período de intensa repressão, Paulo escreve com prudência, evitando um confronto direto com o poder imperial para proteger a comunidade cristã de Roma.

 

A carta também reflete a preocupação dos judeus seguidores de Jesus, que poderiam ser confundidos com os rebeldes judeus da Palestina, como os zelotas e sicários. Para evitar retaliações, Paulo aconselha a submissão às autoridades civis, sem, contudo, incentivar obediência cega.

 

O apóstolo reforça que toda autoridade é instituída por Deus, mas deve atuar conforme Sua vontade, servindo à justiça: "Pois, embora sejam ministros do reino dele, vocês não julgaram corretamente, não observaram a Lei e não agiram de acordo com a vontade de Deus. Ele virá sobre vocês repentinamente e de modo terrível" (Sb 6,4-5).

 

Assim, Paulo critica indiretamente a tirania e violência do governo de Nero. Sua mensagem é clara: a autoridade legítima é aquela que administra a justiça e promove o bem-estar coletivo. Ele também destaca o papel do cidadão consciente: a submissão às autoridades deve ser condicionada à justiça, pois não há obrigação de obedecer a governantes que agem contra a vontade de Deus.

 

Por fim, Paulo reitera a responsabilidade da autoridade de garantir o bem comum e punir quem ameaça a ordem social: "A autoridade está a serviço de Deus para punir com justiça quem pratica o mal. Portanto, é preciso submeter-se não só por medo do castigo, mas por dever de consciência" (Rm 13,4-5).

 

O texto também aborda o dever do cidadão de pagar impostos, desde que sejam utilizados para a manutenção de um governo justo: "Deem a cada um o que lhe é devido: o imposto a quem devem imposto, a taxa a quem devem taxa, o temor a quem devem temor, a honra a quem devem honra" (Rm 13,6-7).

 

Dessa forma, Romanos 13,1-7 não deve ser interpretado como uma legitimação da autoridade corrupta e opressora, mas sim como uma reflexão sobre o papel do poder e a conduta cristã em meio às injustiças políticas.

 

Paulo não endossa a tirania de Nero, mas exorta os governantes a atuarem com justiça e os cidadãos a se posicionarem de forma consciente. No mundo moderno, onde o poder é delegado pelo voto, é essencial refletir sobre a relação entre fé e política, assegurando que a autoridade esteja a serviço do bem comum e dos mais vulneráveis.

 

 6- Para aprofundar assista o vídeo: Carta aos Romanos, 4ª Parte

 

7- Iluminando a vida  Vivemos em um país onde as desigualdades sociais são alarmantes. A cada dia, cresce o número de pessoas em situação de vulnerabilidade, presentes nas ruas, avenidas, igrejas e repartições públicas. Paralelamente, a violência se intensifica em nossas cidades, enquanto muitas autoridades políticas e religiosas parecem mais preocupadas com seus próprios interesses do que com o bem-estar coletivo.

 

Por outro lado, temos um direito fundamental: a crítica e a escolha das autoridades pelo voto. O poder político é uma delegação que o cidadão concede ao candidato, para que este exerça sua função a serviço do bem comum. No tempo do apóstolo Paulo, cidadania e democracia não faziam parte da estrutura dos imperadores, como Nero, que governavam sob um regime totalitário e opressor, negando voz e espaço ao povo. Ainda assim, Paulo teve a ousadia de discutir política, levantando um questionamento essencial: como ele e os cristãos enfrentaram autoridades injustas e violentas? E, sobretudo, qual deve ser a postura do cristão diante da política nos dias de hoje?

 

8- Compartilhando suas descobertas: A responsabilidade está em suas mãos. É o seu momento de agir, de fazer a diferença e de transformar palavras em ação. A escolha, o compromisso e a mudança dependem do seu envolvimento. Qual é a sua opinião sobre tudo o que exploramos até agora? Compartilhe suas reflexões no grupo—seu ponto de vista será valioso e enriquecerá a discussão para todos.